Não se pode desconjuminar ninguém.

17 julho 2007

café no balcão

O crachá colando no balcão informava um nome comum, que podia ser joão, antônio, tanto faz, desempenhava a função de ascensorista. O atendente sorriu conhecendo o freguês de longa data. Sorriu. Deu bom dia. Mas nem chance de perguntar o pedido.

O ascensorista, com algumas dezenas de carnavais nas costas, esperou paciente. Até que chegou sua vez.
-Café e coxinha. (nesta ordem)

O atendente perguntou para confirmar. (apesar de não ser pequeno o grupo de pessoas que topa o mac café-da-manhã descrito acima).
-Isso mesmo (respondeu acanhado)

Vontade atendida o senhor começa a tatear o balcão.
-Tem catchup?

O atendente o ignora mais algum tempo, numa displicência irritante. Depois de três pedidos ele entrega a pimenta.

O senhor olha invocado. Sabe que está sendo engando. A cor é completamente diferente e dá para ver as sementes da pimenta na bisnaga. Não satisfeito ele pinga contrariado três gotas.

Olha a consistência .... dá uma mordida. Começa a rir, não mais do que o atendente que nesta hora rola e engasga atrás do balcão.

-Gosto da pimenta, mas não posso. Aponta pro estômago e faz cara feia. Se a mulher soubesse.... vix! num gosto nem de pensar. Uma santa, tinha prometido pra ela que não passava nem mais perto de pimenta.

Pagou a refeição no balcão mesmo (privilégio dos fregueses mais fiéis). Pagou e deixou umas moedas de gorjeta. Deixou, mas contou antes de deixar.