e daí que não tô muito afim de escrever,
e se quando estou já não sai boa coisa...
Deixá-los-ei hoje com Cony,
vai lá nêgo!
fica famoso!
FSP - Opinião - 05/04/2006
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CARLOS HEITOR CONY
A colméia e a abelha
RIO DE JANEIRO - Uma das palavras mais banalizadas de nosso tempo, além de "ética" e "resgate", é "estadista". O sujeito é chefe de divisão dos dormentes de uma ferrovia no Alto Purus, no dia de seu natalício há sempre um subordinado que o classifica de estadista. Na classe política, a briga para saber quem é ou não é estadista tornou-se briga de cachorro grande. Todos são estadistas, pelo menos em duas ocasiões: quando estão no poder e quando morrem.
Os dois últimos presidentes do Brasil se esbofaram em invocar Vargas e JK como antecessores da visão de estadista da qual se investiram por conta própria, porque foram eleitos com caixas dois e com o reforço do Marcos Valério -também um estadista à maneira dele, pois tratou de melhorar seu estado ao limite do impossível.
Antes de mais nada, convém fazer a distinção entre Vargas e JK, os dois maiores presidentes de nossa história republicana. Vargas foi estadista, JK foi um governante, ambos geniais. A diferença entre um estadista e um governante pode ser comparada à colméia e à abelha. O estadista, como Vargas, era uma colméia; JK, uma abelha, talvez mesmo uma abelha-rainha.
Até mesmo no visual, Vargas parecia uma colméia, e JK, uma abelha irrequieta, indo de flor em flor buscar néctar para transformá-lo em mel. Mas isso seria assunto para outra crônica ou para crônica alguma.
Fiquemos com Lula e seus ministros de primeiro plano, incluindo o Palocci. São tidos e havidos como estadistas. Estamos bem servidos. Nenhum deles tem alguma coisa de colméia. Lula tem um ritmo pesado de abelha, indo daqui para ali buscar o néctar do aplauso popular que ele não sabe transformar em mel. E, se soubesse, não teria colméia de um governo articulado para depositá-lo.
Na semana passada, saiu-se com esta: "Não sei se serei candidato. O que sei é que fizemos tanto em nosso governo que supera tudo o que foi feito no passado". Uma pretensão que está mais para maribondo do que para abelha.
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