bons tempos

a galera do meu trampo fala de comida o dia inteiro,
e não sei porque raios hoje num destes papos fui lembrar duma tiazinha que transformou a garagem da casa dela num restaurante a um quarteirão da minha antiga casa na cayowaá.

a comida da mulher é maravilhosa (o feijão era daqueles com caldão grosso, muito alho e cebola), dum naipe de tirar vários fregueses da barraca de pastel que se instalava na frente da casa dela toda terça-feira.

obviamente que não tinha nenhum luxo eu trabalhava só de tarde e apesar do restaurante estar estratégicamente a meio caminho do metrô nunca podia almoçar direto e ir pro trampo, o cheiro de fritura impregnava na roupa que não era brincadeira,

se chegasse cedo tinha duas opções de prato, o prato do dia e o bife acebolado (o melhor do mundo) e ovo, mas a velha era comédia, se você demorasse mais do que um minuto e meio para escolher ela fazia a preza pra você e te trazia o prato que fosse mais conveniente pra ela,

na época em que comia lá ela já era esquecida o que fazia com que você corresse o risco de ter que comer o que ela trouxesse (o que não era de todo ruim), quando tinha muito movimento eu já entrava direto na cozinha pra pedir meu prato. O troco ela nunca acertava, aceitava fiado pra vários negos e sempre tomava uns capotes,
quem ficava puta era a filha dela que sempre tentava por ordem na zona.

bem louco,
qualquer dia eu mato um dia de trampo, ando uns 13 quarteirões só pra mandar aquele rango de novo, só espero que a véia não tenha morrido.