Não se pode desconjuminar ninguém.

05 setembro 2006

Preste atenção no que pensam os medíocres!


Sexta-feira passada, comecei o mês de setembro com um texto que me martelou pesado.
A notícia do aniversário de 30 anos do assassinato de Ângela Diniz em Cabo Frio, a matéria trazia a entrevista do ex-namorado e autor do crime, Doca Street que estava lançando um livro sobre o epsódio.

Nunca tinha ouvido falar sobre este assassinato e a matéria está incrivelmente bem escrita. Recomendo! Infelizmente, só pra quem tem uol ou senha da folha!

Basicamente a matéria é sobre o autor do crime, suas impressões trinta anos depois do assassinato e tudo mais. O crime cometido em 30 de dezembro de 1976 pertence a um mundo e realidades para mim bem distantes. O casal pertencia a high-society e vivia em festas movidas a whiskie e pó (ok, pelo scoth não tão distante). Durante uma discussão sobre o fim do relacionamento, o assassinato.

Abaixo um trecho da reportagem de LAURA CAPRIGLIONE
Muito mais gente teve pena de Doca.
Foram cinco tiros na cabeça, 30 de dezembro de 1976. "Me abrace, pelo amor de Deus. Amo você", implorou Doca. "Se quiser me dividir com homens e mulheres, pode ficar, corno", teria dito Ângela. Ela emendou com o arremesso de uma pasta e uma pistola contra o rosto do ofendido. A pasta abriu-se, a arma caiu, Doca pegou-a e, "quando me virei, xingando-a, já estava atirando".

Após o epsódio o assassino foi condenado a apenas dois anos e com alguns benefícios pode sair livremente do tribunal em seu primeiro julgamento em 1979 sob o argumento de que o crime foi cometido em "legítima defesa da honra", com muita briga (principalmente de grupos feministas) no segundo julgamento em 1981 pegou 15 anos, mas só cumpriu cinco.

O que me impressionou foi o bon-vivant ter dito que sentiu vergonha do primeiro julgamento e do tratamento de apoio e admiração que recebia nas ruas. Algumas minas, queriam sair com o cara e quando ele aceitava, achavam ruim que ele não distribuísse umas porradas nelas! Outros lhe davam presentes e lhe ofereciam privilégios. A incompatibilidade entre a culpa moral que o fulano sentia e o tratamento recebido não se encaixavam.

Este epsódio me lembrou um relato do Ferrez
de uma entrevista na Carta Capital, num trecho que foi selecionado pelo Observatório de Imprensa (Blog 'Em Cima da Mídia') falando que após o seu relato sobre ser contra as Cotas Raciais, um monte de gente veio procurá-lo pra falar do assunto e ".. vi que os caras mais boçais gostavam, pensei ´c[...], se eles estão gostando alguma coisa errada eu estou falando´”.

Sem entrar no mérito das cotas raciais, a questão é que do mesmo jeito que o fulano recebeu uma pá de apoio de gente desconhecida enxergou nele uma oportunidade para vingar o seu próprio chifre infelicidade no relacionamento, insatisfação pessoal, questões morais ou o caralho que o parta, tem um monte de gente querendo apropriar-se de discursos de alguns símbolos (no caso do Ferrez), propondo trazer o prestígio da pessoa para a questão, mas que não compartilham do mesmo raciocínio, ou seja, são contra as cotas, não devido aos riscos que ela representa, ou outras injustiças que elas possam criar. São contra as cotas porque não gostam de preto, não gostam de pobre e assim por diante.

2 Comments:

At terça-feira, setembro 05, 2006, Blogger Desconjumina said...

Eu sei,
o texto tá com 48 tipos de fontes diferentes e oito tamanhos, mas são duas da manhã e eu não vou arrumar isto hoje, provavelmente não vou arrumar nunca. e foda-se o blogger.

 
At domingo, setembro 10, 2006, Anonymous Anônimo said...

poxa Bruno, que blog bacana! tava arrumando meus e-mails e não lembro como descobri seu endereço...bom;..continue postando suas indignações e "gritos" que estão sendo ouvidos...
cê escreve bem ...
beijos
stelinha

 

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